sexta-feira, 27 de junho de 2014

Campeonato Nacional de contra-relógio



Que dia! Que dureza!

Hoje fiz um teste à minha capacidade de resistência física e psíquica. Acho que consegui fazer tudo aquilo que não deveria ter feito num dia supostamente importante, como a disputa de um campeonato nacional de contra-relógio.

Ora vejamos, nos dois dias anteriores fiz treinos duros em vez de recuperar para o dia de hoje. Mas não poderia ser de outra forma, pois não me posso dar ao luxo de desperdiçar dias de treino.
Hoje de manhã fiz a viagem para o Sabugal. Acordei às 6h30, levaram-me de carro até á estação do Oriente (Lisboa), apanhei o comboio às 8h25 para a Covilhã, 3 horas e vinte minutos depois estava na Covilhã, entregaram-me a viatura de cortesia da Caetano Star, e fiz mais uma hora e 15 minutos de viagem até Alfaiates (Sabugal). Mas pelo caminho ainda fiz uma breve pausa para comer a massa que trouxe de casa. Foi este o meu almoço.

Às 13h40 cheguei à Residencial “O Pelicano” em Alfaiates, onde se encontra instalada a minha equipa LA-ANTARTE-ROTA DOS MÓVEIS. Foi só o tempo de colocar a mala no quarto e preparar o equipamento para o crono. Ás 14h05 já estávamos a sair, no autocarro da equipa, para o Soito, local da partida e chegada do contra-relógio. Nesta altura ainda não sabíamos a ordem de partida e nem sequer tínhamos reconhecido o percurso! Normalmente reconhece-se o percurso duas vezes. A primeira de carro e uma segunda vez de bicicleta, por forma a escolhermos os melhores andamentos para o percurso em questão. Mas desta vez só houve tempo para fazermos o primeiro reconhecimento, pois quando chegámos da volta ao percurso a ordem de partida já estava afixada e verifiquei que seria o segundo ciclista a ir para a estrada. Bem, na prática acabei por ser o primeiro, já que o primeiro não compareceu!

Feitas as contas, tinha naquele momento, cerca de 45 minutos para me preparar e fazer o aquecimento. Já não dava para fazer o reconhecimento com bicicleta! Entretanto apareceu mais um contratempo. As medidas da minha bicicleta de contra-relógio não estavam regulamentares. Era necessário recuar os extensores cerca de 2 centímetros. A operação demorou cerca de 5 minutos, mas depois foi necessário levar de novo a bicicleta aos comissários para confirmarem as medidas. Com isto fiquei com cerca de 30 minutos para aquecer.

Pedalei 20 minutos nos rolos, e por último pedalei na estrada mais 5 minutos. Aquecimento escasso, mas foi o possível.
Às 16h01 estava a abrir o Campeonato Nacional de contra-relógio. Sem qualquer ciclista á minha frente para fazer de “ponto de mira”, foram 32 mil e duzentos metros muito duros de fazer! Num percurso de sobe e desce constante e com algum vento, nos meus tempos de ciclista “pro” seria um percurso perfeito para mim. Mas o Vitor Gamito de hoje não é o mesmo de há 14 anos atrás! Enquanto a estrada não empinava até me senti bem, mas nas subidas o meu ritmo quebrava muito. A distância deste crono já era considerável. 32km já exige muita gestão de esforço. Se começas demasiado forte, podes “morrer” a meio, mas se controlas demasiado, és apanhado por quem vem atrás. Esta gestão é muito complicada de ser feita.

Logo na primeira volta (eram duas no total) apercebi-me que não levava os andamentos mais adequados. A minha bike estava montada com os pratos 54 e 42, mas para este percurso o ideal seria 55-50 (ou 48). A descer o 54 era muito curto, e a subir os 42 era demasiado leve.

Sinceramente nunca pensei em fazer uma boa classificação neste crono. Mesmo que o dia de hoje não tivesse sido tão cansativo, não me posso esquecer que a minha idade e os 10 anos que tive afastado pesam muito, sobretudo nestes tipo de esforços mais curtos e intensos. Mas já que esta semana está na moda os “ses”.
SE tivesse vindo um dia mais cedo, SE tivesse reconhecido o percurso de bike, SE tivesse feito um aquecimento adequado, SE tivesse escolhido os andamentos ideais, possivelmente, em vez de 10º lugar teria feito 3 ou 4 lugares melhor. E isso iria alterar alguma coisa? Não. Nos Campeonatos Nacionais contam os 3 lugares do pódio. Por isso, hoje serviu sobretudo para fazer um bom treino de contra-relógio. Há 14 anos que não fazia um treino destes! Serviu também para me aperceber que tenho que melhorar nesta especialidade, a mesma que em tempos já fui o mais forte a nível nacional.

Apesar de todo o stress do dia de hoje adorei esta experiência. Parece que foi a primeira vez que fiz um Nacional de contra-relógio. O resultado foi o menos importante.
Agora há que recuperar o melhor possível, pois no Domingo tenho 201km de Campeonato Nacional de Estrada para cumprir. Será mais um duro treino, sem qualquer objectivo na classificação.

Obrigado a todos pelo apoio, e ao fotógrafo Nuno Veiga por estas fotos espetaculares.

Análise á condição fisica



Para aproveitar da melhor forma a viagem de comboio para a Covilhã, que neste momento estou a fazer, vou-vos falar um pouco da minha condição física atual. Este texto será melhor entendido por quem tem conhecimentos sobre treino para o ciclismo.

Como já todos devem saber, estou a preparar a minha participação em mais uma Volta a Portugal em bicicleta. Será sem qualquer dúvida, maior desafio desportivo da minha vida (até ao momento)!
Mas porquê, se eu já fiz 10 Voltas a Portugal?!
Muito simples. Porque estive afastado 10 anos da alta competição, porque já tenho 44 anos, porque só estou a treinar a tempo inteiro há cerca de 2 meses, e como se não bastasse, no inicio da minha preparação tive uma grave lesão num joelho que me obrigou a parar durante todo o mês de Fevereiro. Digamos que estão todas as condições reunidas para ser realmente uma grande loucura a minha participação na prova de ciclismo mais dura em solo português e "contra" a elite do ciclismo nacional!

Confesso que em Fevereiro, aquando da minha lesão, pensei em desistir deste desafio. Se em condições ótimas já seria difícil me apresentar na Volta num bom nível de forma, com a lesão o tempo de preparação ficou demasiado curto!
Não digo que não tenha já abortado alguns projectos, mas regra geral sou muito persistente e vou sempre até ao meu limite.

Dividi esta minha preparação em 3 fases:
1ª fase - Novembro a Abril: treino nas horas livres. Nesta fase tive que conciliar o meu trabalho na GoldNutrition com o treino. Basicamente aproveitei ao máximo os fim‑de‑semana livres para acumular horas de treino, e durante a semana treinava em rolos ao fim da tarde após o horário de trabalho. Em Abril, a empresa já me disponibilizou dois dias por semana para me dedicar ao treino. Nesta fase participei em alguns eventos de BTT, mas não fiz competições de estrada.

2ª fase - Maio: A partir deste mês fiquei totalmente disponível para me dedicar à preparação. Agradeço mais uma vez à GoldNutrition por esta oportunidade. Aproveitei ao máximo este mês para acumular horas em cima da bike. Fiz inclusive dois estágios na Serra da Estrela. Foi um mês muito duro! Mas também foi neste mês que consegui os melhores valores de performance (VO2máx e FTP).

3ª fase - Junho/Julho: No inicio de Junho tornei-me oficialmente ciclista da LA-ANTARTE-ROTA DOS MÓVEIS. A 9 de Junho participei na primeira competição para elites, o Grande Prémio Abimota. Desde então fiz, GP Abimota, Taça de Oliveira de Azeméis, Volta a Albergaria e Gerês Granfondo, esta última uma prova para amadores.
Até Volta irei participar ainda no Nacional de crono (já hoje) e de estrada (no próximo Domingo), no Troféu Joaquim Agostinho (Torres Vedras) e por fim na SkyRoad Granfondo Serra da Estrela. Entretanto ainda faço mais um estágio na Serra da Estrela.

Com base nas minha sensações e valores fisiológicos, sobretudo do mês de Maio, acreditei que a minha adaptação às competições até poderia nem ser muito dolorosa. Nada mais errado! Logo no GP Abimota apercebi-me que esta tarefa iria ser ainda mais complicada do que eu imaginava. E olhem que eu até sou pessimista! Sofri imenso na etapa do Abimota. Também diga-se que dificilmente a etapa poderia ser mais dura. Até os ciclistas elites comentaram a dureza da etapa. De qualquer forma sofri como não me lembro de ter sofrido!
Esta situação deixou-me muitas dúvidas. Será que o nível do ciclismo elite atual é assim tão superior em relação às minhas capacidades físicas atuais? Será que são as variações constantes de ritmo, na primeira hora de prova, que me "matam" ao ponto de quando chegamos ás subidas já estou "morto"? Será que foi apenas um dia mau? Será que foi por não estar habituado a treinar á hora que decorreu a etapa (14h00-18h30)? Ou será que foi do calor repentino?
A única forma que eu conheço para conseguir responder a algumas destas questões é comparar dados. Neste caso teria que comparar dados de alguns treinos meus, os mais duros, com os dados meus em competição, e tentar chegar a alguma conclusão objectiva.

Para isso, nas duas provas seguintes - Taça de Oliveira de Azeméis e Gerês Granfondo - utilizei o meu potênciometro (roda traseira PowerTap). A prova da Taça foi disputada no Sábado seguinte, e á mesma hora do Abimota - 14h00. Consistiu em cerca de 150km, também eles muito duros, e em que a última dificuldade do dia foi a subida à famosa Serra da Freita. Seria um tira-teimas. Ver se as minhas sensações seriam tão más com foram no Abimota.
Ok, acabaram por ser ligeiramente melhores, mas mesmo assim não aguentei o ritmo do primeiro pelotão, no inicio da subida para a Freita. Fazia muito calor (+ de 35ºC), e o meu pulso ia muito alto. Mas pelo que deu para reparar nos dados de potência instantâneos, os valores não justificavam aquela minha dificuldade.
O resultado final desta minha participação, foi um 41ª lugar a cerca de 8 minutos do primeiro classificado. O prémio de consolação foi o facto de ter chegado junto com o vencedor da Volta a Portugal do ano passado - Alejandro Marque.

No dia seguinte, logo às 8h30 da manhã deu-se o tiro de partida para a Gerês Granfondo. Mais 160km com 3200 de subida acumulada. Estavam à partida 1600 ciclistas, a grande maioria amadores. Nesta prova voltei a levar potenciometro. A ideia seria depois cruzar informação de treinos meus anteriores com estas duas provas.
Neste evento senti-me bem melhor que no dia anterior. E por isso ficaram mais dúvidas! Será que foi por a concorrência ser inferior? Será que foi porque este Granfondo foi de manhã e a temperatura era mais agradável?

Estava bastante curioso para analisar todos os dados deste fim‑de‑semana.
Fiz uma tabela com os dos dados mais relevantes, e com base nesta tabela conseguimos tirar algumas conclusões.

A primeira, e talvez a mais importante, é que os valores de potência em treino são superiores ao valores que consegui em competição. Isto revela que a minha capacidade física atual está ao nivel do pelotão elite nacional. Mas por outro lado significa que algo de anormal se está a passar! Não é normal que a performance em treino seja superior à performance em competição!

Para não me alongar mais, as razões que podem estar a prejudicar a minha prestação em prova são:
a) Ou ainda não me adaptei aos horários tardios das competições
b) Ou estou com dificuldade de adaptação às temperaturas mais elevadas
c) Ou o meu corpo não está a recuperar bem da carga de treinos, e estou a precisar de mais intervalos de recuperação.
d) Ou as 3 razões atrás em simultâneo

Por via das dúvidas, comecei já a tentar solucionar as 3 razões atrás.
a) e b) Os meus treinos agora começam quase sempre às 11h00 e terminam por volta das 16h00

c) Levantei o pé na carga de treinos, sobretudo em volume, e vou fazer análises ao sangue para despistar uma eventual anemia.

Como vêem, a performance humana não é pura matemática, mas os números dão uma boa ajuda

#VitorGamitonaVolta com @GMTSports

quinta-feira, 26 de junho de 2014

Campeonatos Nacionais




Amanhã irei estar presente em mais um Campeonato Nacional de Contra-relógio. Sinceramente já perdi a conta de quantos fiz! Mas pelas medalhas que tenho aqui na minha estante, parece que fui já 3 vezes Campeão Nacional desta especialidade, à qual chamam também de "prova da verdade".
Mas desta vez irei encarar esta participação simplesmente como treino. Aliás, todas as provas em que tenho participado durante este mês, servem unicamente como treino. Treino de adaptação aos ritmos impostos pelos profissionais, treino de adaptação aos horários em que as provas vão para a estrada.

Os nacionais este ano são no Sabugal. O contra-relógio terá inicio às 16h00, e teremos pela frente 32 mil e duzentos metros de esforço máximo em solitário. O último a ir para a estrada será Rui Costa, já que é o atual Campeão Nacional de contra-relógio.

No Domingo, também no Sabugal, será a vez de ir para a estrada o Campeonato Nacional de estrada, na distância de 201km. Será mais um treino duríssimo, em que o meu objectivo será simplesmente terminar.
Na segunda-feira já não há campeonatos, mas vou aproveitar o facto de estar muito próximo da Serra da Estrela para fazer mais um treino durinho
Não gosto

sexta-feira, 20 de junho de 2014

Gerês Granfondo



Boa tarde amigos, nem sempre arranjo disposição/inspiração para escrever crónicas. Finalmente deixo aqui a segunda parte da crónica referente ao fim‑de‑semana passado.
Para quem ainda não leu a primeira parte , fica aqui o link >> http://on.fb.me/1pQ0UxT

2ª Parte: Gerês Granfondo - "A verdadeira festa do ciclismo"

Após o término do Troféu Concelhio de Oliveira de Azeméis, por volta das 18h30 de Sábado, toda a equipa viajou para o Paredes Hotel Apartamento, quartel general da LA-ANTARTE-ROTA DOS MÓVEIS. Mas enquanto os meus colegas ainda foram massajados antes do jantar, eu tive que jantar de imediato pois ainda tinha 120 quilómetros de viagem até á vila do Gerês para participar na Gerês Granfondo, a convite da organização.

Cheguei ao Gerês por volta das 22h30 e já bastante cansado. A avenida principal desta vila lindíssima já estava decorada a preceito para receber os cerca de 1600 participantes. Aliás, muitos destes participantes ainda passeavam pelas ruas do Gerês, juntamente com as respectivas famílias e amigos. A temperatura agradável que ainda se fazia sentir convidava a isso. Esta é uma das particularidades deste eventos mais direcionados a ciclistas amadores. Além de um grande número de participantes, ainda há que contar com os acompanhantes. Estes eventos dinamizam brutalmente as localidades e o comércio local. Uma excelente aposta!

Tive alguma dificuldade em estacionar o carro, tal era a confusão de viaturas e pessoas nas ruas. Consegui estacionar a cerca de 400 metros do hotel onde iria pernoitar – Hotel Águas do Gerês – mas para percorrer essa distância terei demorado mais de 30 minutos, tal foi a quantidade de fotos que tirei junto com fãs e seguidores deste mesmo Facebook. Espetacular!

Após o check-in subi de imediato ao quarto. Estava mesmo arrasado! Foi só deixar o equipamento a jeito para o dia seguinte e toca a dormir! O despertador ia tocar 6h40 e o pequeno-almoço estava marcado para as 7h00.

Antes do despertador tocar já estava acordado. Confesso que não dormi muito bem. Não sei se pela claridade que já entrava pelas janelas ou se pela vontade, ou ansiedade, de participar neste granfondo.

Às 7 em ponto já estava à porta da sala do pequeno-almoço. Quem me conhece sabe que sou muito pontual. Se calhar até demasiado! Também não gosto de esperar, nem de fazer esperar.

O pequeno-almoço, pode-se dizer que foi normal. Abacaxi, duas baguetes pequenas com fiambre e manteiga, café, iogurte e uma fatia de bolo. Era o que havia. Aliás, também havia cereais, mas comi tantos em profissional, que agora fujo deles sempre que posso.
O pouco tempo que restou entre o pequeno-almoço e o inicio da prova foi para vestir o equipamento, tirar a bicicleta do carro, instalar a câmara de filmar no guiador da bicicleta e ir para a linha de partida.
Impressionante o mar de ciclistas na avenida principal do Gerês! Esta é a verdadeira festa do ciclismo. Ciclistas amadores, menos amadores, ex-profissionais, lendas do ciclismo, todos no mesmo pelotão!

O dorsal número UM foi atribuído, nada mais nada menos, que ao ciclista espanhol Miguel Indurain, vencedor por 5 vezes do Tour de France, campeão do mundo, recordista da hora, e uma lista infindável de vitórias. Ainda tive o privilégio de competir ao lado deste senhor na década de 90, mas foi uma honra rever e trocar dois dedos de conversa com esta lenda viva do ciclismo mundial.

Os meus objetivos ao aceitar o convite da organização para estar presente no Gerês Granfondo passavam essencialmente por fazer um bom treino e conhecer melhor o parque Peneda-Gerês. Não são muitas as oportunidades para pedalar nesta região.
Não tinha qualquer objetivo de classificação, até porque no dia anterior tinha feito uma prova muito dura e o tempo de recuperação foi diminuto. A minha tática foi simplesmente pedalar por sensações. Se o corpo correspondesse, acelerava, se o corpo reclamasse, escolheria um grupo mais tranquilo. Seguramente que em 1600 ciclistas haveriam alguns com o mesmo ritmo que o meu.

A saída foi rápida, por minha iniciativa, diga-se. Não sei o que me deu, mas estava com vontade acelerar, e assim o fiz. Destaquei-me do pelotão principal e levei 6 ciclistas comigo. Ainda andámos cerca de 8-10km fugidos, mas o pelotão encetou uma perseguição e apanhou-nos. Foi bom para treinar as saídas rápidas que acontecem muitas vezes nas competições de profissionais.
A partir daí mantive-me tranquilo no pelotão. Pelo menos até á última montanha - a famosa subida à Pedra Bela - que por sinal era a mais dura das 5 que o Gerês Granfondo nos brindou. No inicio desta subida, o ciclista João Benta (também ex-profissional) ataca, mas eu e mais 3 ciclistas conseguimos responder e seguir com ele. De imediato passo para a frente e faço o resto da subida a puxar. Para mim era excelente, servia de treino e as sensações não eram más. Já perto do final desta última subida, alcançámos os dois ciclistas que iam em fuga, formando assim um grupo de 7. Foram estes 7 elementos que chegaram à reta da meta isolados. Como não sou sprínter tentei surpreender arrancando a cerca de 1500 metros da meta. Ganhei alguns metros de avanço, mas a escassos metros da meta fui ultrapassado por José Rodrigues (também um ex-profissional), que já tinha vencido a edição do ano passado.

Termino assim em segundo lugar, mas sinceramente fiquei surpreendido com este resultado, pois as minhas sensações na prova do dia anterior não tinha sido nada famosas. Mas é óbvio que a concorrência e o ritmo imposto num dia e no outro foram bem diferentes!
Só para terem uma ideia, no Sábado fiz 38km/h de média e mesmo assim “apanhei” 10 minutos do primeiro. Neste granfondo disputei a vitória ao metro e fiz média de 33km/h!
O facto do Gerês Granfondo ter sido realizado durante a manhã, com temperatura mais agradável, também contribuiu em muito para as minhas melhores sensações e prestação física.

Terminada a prova, dirigi-me ao meu quarto do hotel para beber o habitual Fast Recovery e tomar um duche. Depois teria que aguardar pelas 15h00 para a cerimónia de pódio. Enquanto esperei pelas 15h00, terei tirado mais algumas dezenas de fotos com fãs.
Ás 15h30 começou a cerimónia de pódio. Eu subi duas vezes. A primeira como vencedor da categoria master B, e a segunda como segundo da classificação geral.

Por volta das 17h00 saí do Gerês em direção a Torres Vedras. Cheguei a casa três horas e meia depois. O dia tinha sido muito longo. Estava arrasado mas muito feliz. Adoro participar neste tipo de eventos. Esta é a verdadeira festa do ciclismo! Existe alguma competividade, mas é sobretudo o espírito de superação pessoal e o convívio que prevalecem.

É o quarto “granfondo” em que participo. Já fiz 2 Skyroad Granfondo “Aldeias de Xisto”, um Évora Granfondo, e agora o do Gerês. Este ano ainda vou participar no Skyroad Granfondo Serra da Estrela em Julho, e depois em Outubro vou para o terceiro Skyroad Granfondo “Aldeias de Xisto”.

Os "granfondos" vieram definitivamente para ficar. É uma oportunidade para os ciclistas amadores terem uma ideia da dinâmica e da adrenalina do ciclismo de estrada, mas a uma intensidade mais acessível a todos. No entanto aconselho a alguma preparação física antes de se aventurarem num granfondo, pois regra geral os traçados são bem duros. Os eventos Skyroad enviam sempre um plano de treino a todos os inscritos. Esse plano foi elaborado por mim.

Por fim, o fim-de-semana competitivo tinha chegado ao fim. A soma das duas provas deu 320km com 6.800 metros de desnível positivo, em 9h15. Mas a Segunda-feira estava já aí á porta, e com vista à preparação para a Volta a Portugal tive que fazer mais 5 horas de treino, de forma a habituar o meu corpo a levar com carga durante vários dias seguidos.

No pain no gain!

Nota final: Infelizmente a meio da prova perdi a câmara de filmar. O suporte partiu e não dei conta disso! Além dos 450 euros de prejuízo, perdi imagens espetaculares que já tinha feito até ao momento. Pelo que me disseram, alguém a encontrou e diz que entregou à organização. Mas a organização não sabe de nada!

Fica aqui o registo do Gerês Granfondo no Strava >> http://bit.ly/1ifOcGi

Aguardem pela terceira e última parte desta crónica. Irei falar da análise e conclusões a que cheguei em relação à minha condição física atual

#VitorGamitonaVolta

terça-feira, 17 de junho de 2014

O Joker


Olá amigos, deixo-vos aqui mais uma crónica em forma de testamento. Não é possível expressar em poucas linhas, tudo o que me passa pela cabeça durante um dia de competição.
De qualquer forma para não correr o risco de perder leitores a meio da crónica, irei dividi-la em ...3 episódios, qual novela! Aqui vai o primeiro.

1ª parte – “O joker”

O fim-de-semana que passou foi de dose dupla. E que dose! Depois de me estrear no Prémio Abimota (crónica aqui - http://on.fb.me/1lyVU93), no qual as minhas sensações não foram as que mais desejei, estava expectante com a minha prestação nas provas deste fim-de-semana, sobretudo na de Sábado, a Taça de Portugal de Elites – Troféu de Oliveira de Azeméis.
Tinha muitas dúvidas para esclarecer. Será que as más sensações foram provocadas pela ansiedade e tensão do meu regresso ao pelotão elite? Ou será que foi do calor repentino e da hora, absurda na minha opinião, a que decorreu a etapa? Ou será que a minha condição física é assim tão inferior em relação ao resto do pelotão?

A única forma que eu conheço para determinar as principais razões para esta minha modesta prestação inicial é através da análise de dados objectivos, nomeadamente potência e frequência cardíaca. Todo o resto é demasiado subjetivo. Por isso, desta vez pedi autorização aos responsáveis da LA-ANTARTE-ROTA DOS MÓVEIS para poder competir com o meu potenciómetro (roda traseira PowerTap). Desta forma pude comparar dados de treinos meus com os dados destas duas provas, que por sinal seriam bem duras, e por isso ideais para tirar boas conclusões.

Bem, mas sobre estas conclusões irei escrever na terceira parte desta crónica, para os mais interessados em performance, análise de dados, enfim, será um texto mais técnico.

O tiro de partida para o Troféu Concelhio de Oliveira de Azeméis , a contar para a Taça de Portugal Elites e Sub-23, foi dado às 14h00. Altura que o sol está a pique. A esta hora estavam 39ºC!! Como se não bastasse já a dureza natural do ciclismo e do percurso que iriamos enfrentar, teríamos que suportar temperaturas elevadíssimas e quase desumanas. Caricato nessa mesma altura estar a ouvir na rádio um alerta da proteção civil para as pessoas evitarem andar na rua àquela hora e não fazerem esforços físicos intensos!
Ok, dizem os entendidos que estes horários é por causa das audiências. Mas quais audiências se a prova nem é transmitida na TV, e à chegada estavam poucos mais que o staff das equipas e alguns familiares dos ciclistas?!

Esta prova teve uma extensão de 155km e cerca de 2400 metros de desnível acumulado. À semelhança da etapa do Abimota, esta também foi muito dura. A maior dificuldade foi a passagem pela tão falada serra da Freita. Curiosamente, com tantos anos de ciclismo e nunca tinha feito esta subida. Entre o ponto mais baixo e o mais alto distam 21,8km, com uma percentagem média de inclinação de 4%, mas os últimos 8km têm uma média de 7,5%. Demorei 55 minutos a fazer toda esta subida!

Os primeiros quilómetros da prova eram os mais planos, supostamente mais fáceis, certo? Nada disso! A velocidade que o pelotão, com mais de 100 unidades, rola dentro das localidades é impressionante! Pedalar em contramão (o trânsito supostamente está fechado) em curvas apertadas sem visibilidade, com viaturas paradas na faixa de rodagem, tangentes constantes, travagens bruscas, pequenas rotundas quase invisíveis, bermas baixas, troços de empedrado em mau estado, ... Tudo isto a 50-70km/h!! É de loucos! O risco de queda ou choque contra uma viatura é constante. Já para não falar nas descidas sinuosas em alta velocidade. Muitas vezes a largura da estrada não é suficiente e lá temos nós que fazer uma travagem de emergência e sair fora da estrada!

Meus amigos do BTT. Acham que a nossa (sim, já a considero também como minha) modalidade é perigosa? Acham que o ciclismo de estrada tem pouca adrenalina? Esqueçam! A tensão é constante e o perigo está sempre eminente. Durante os primeiros quilómetros da etapa quantas vezes eu comparei esta loucura a uma maratona de BTT, e cheguei à conclusão que afinal o BTT até não é assim tão perigoso!

É engraçado, fiz ciclismo de competição durante 20 anos, e só agora, com apenas 3 dias de competição após o meu regresso, consigo analisar o ciclismo de competição de uma outra perspectiva. A de um ciclista amador que lhe deram a oportunidade para integrar o pelotão elite durante 2 meses, com tudo o que isso implica. Até vou mais longe, a perspectiva de um jornalista que pretende fazer uma reportagem sobre ciclismo e ganhou coragem para fazer parte do pelotão elite nacional. Em parte é assim que eu me sinto. Não me consigo considerar mais um ciclista à semelhança de todos os outros, mas sim um convidado, convidado este que tem como missão relatar o empenho, os sacrifícios, as dúvidas, as alegrias e tristezas de um ciclista profissional. E isto só é possível de ser feito se nos pusermos na pele de um.

Mas mesmo sendo “apenas” um convidado especial do pelotão profissional, é importante que faça também parte do espetáculo. Como disse na crónica anterior, não quero nem posso ser um fardo para a equipa que represento. Faz parte da minha maneira de ser, desempenhar as minhas funções ou tarefas de forma irrepreensível. Mas as tarefas que me foram atribuídas pela equipa até ao momento não têm sido muitas, ou nenhumas mesmo. Na prática, as ordens têm sido simplesmente, aguentar-me no pelotão o máximo de tempo possível. Compreendo perfeitamente e só me resta aceitar. Nem eu sei se neste momento conseguiria mais que isto - aguentar-me no pelotão.

É muito bonito quando estamos sentados em frente à TV, a ver um direto de uma etapa de ciclismo. Parece que os ciclistas pedalam tão fácil! “Eu era capaz de ir ali e aguentar-me”, pensamos nós, com uma cerveja numa mão, e uma travessa de tremoços na outra. Ou então, quando estamos num café à beira da estrada, ouvirmos as sirenes da policia e acercarmo-nos à estrada. Vemos um pelotão de ciclistas a passar a 40 à hora, e com uma cerveja fresca na mão gritamos: “vão trabalhar malandros!!”. Já tinha saudades destes “piropos”!
Pois, mas a realidade é bem diferente. E é tão fácil esquecermo-nos dela! No dia seguinte, na reta da partida para o Gerês Granfondo, troquei algumas palavras com antigos colegas meus, grandes nomes da década de 90. Achei curioso um deles dizer: “Epa, apostei uma jantarada em como ias ficar nos 10 primeiros da Volta a Portugal. O pelotão atual está muito fraquinho!”
Achei piada, ou se calhar até não. Eu que no dia anterior tinha apanhado uma sova do tal “pelotão fraquinho”, estava agora a ouvir estas “facilidades”.

Bem, mas além da tarefa principal que a equipa me incumbiu – aguentar-me no pelotão – sinto necessidade de ser mais útil à equipa. Neste momento sinto-me como o joker de um baralho de cartas. Uma carta que em muitos jogos não vale nada, mas que em outros até pode ser uma carta importante. E o que é que este joker tem valido até momento? Analisando friamente, em termos desportivos, nada. Ok, nesta prova consegui ir duas vezes ao carro de apoio buscar líquidos para os meus companheiros, hihi.
Mas em termos de comunicação, muito. Comunicação não só para a equipa que represento, mas também para o ciclismo nacional no seu todo. Nesta área a minha aposta já está ganha, mesmo antes de começar a Volta a Portugal.

Como já referi imensas vezes, não pretendo resultados desportivos. Todo este meu esforço e empenho na preparação para a Volta, é unicamente para a conseguir terminar dignamente e ajudar a equipa a conseguir os seus objetivos. Não contem com um Vitor Gamito ganhador. Não há milagres, já estou com 44 anos e os últimos 10 ausentes da competição. E o pelotão atual não é assim tão fraquinho como o pintam.
Só para termos de comparação, na prova de sábado com os profissionais, levei mais de 10 minutos do primeiro a chegar à meta, e mesmo assim nem foi mau, pois cheguei juntamente com o vencedor da Volta a Portugal do ano passado – o espanhol Alejandro Marque. Já no Domingo, no Gerês Granfondo, uma prova para amadores, e mesmo já muito cansado da prova de Sábado, consegui um segundo lugar com o mesmo tempo do primeiro. E podem crer que nem foi assim tão difícil. O nível é mesmo outro!

Terminei a prova com o tempo oficial de 4 horas e 7 minutos, em 41º lugar a 10m49s do vencedor. Já passava das 18h30 quando me dirigi para o autocarro da equipa para tomar um duche e viajarmos para Paredes, onde os meus colegas iriam pernoitar para no dia seguinte disputarem mais uma prova da Taça de Portugal. Eu como já me tinha comprometido com o Gerês Granfondo, jantei no hotel de Paredes e viajei logo de seguida para a Vila do Gerês. Cheguei ao hotel Águas do Gerês por volta das 23h00. Como costumo dizer, tive que dormir à pressa, pois o despertador iria tocar às 6h30, já que partida para o Granfondo estava marcada para as 8h30.
Mas sobre o Gerês Granfondo falarei na crónica de amanhã.

Mais uma vez agradeço a todos pelo apoio. Até amanhã.

quinta-feira, 12 de junho de 2014

Um "abre olhos"



É regra de boas práticas de utilização do Facebook, os posts (textos) serem pequenos, pois os visitantes não têm paciência para ler “testamentos”. Mas vou ter mesmo que quebrar esta regra, pois o turbilhão de sentimentos vivido durante o meu regresso à alta competição é de tal ordem, que será impossível descrevê-los em meia dúzia de parágrafos!

Na Segunda-feira foi dia de prólogo do Prémio Abimota. Um contra-relógio por equipas, muito curto. Na prática foi sobretudo “para a fotografia”, já que os tempos alcançados pelas equipas não contavam para a classificação desta prova. O meu rescaldo deste dia AQUI >> http://on.fb.me/1lacEDi

Na terça-feira a música foi outra. Os cerca de 120 ciclistas tinham pela frente uma etapa bem dura, com cerca de 175km e mais de 2.600 metros de desnível acumulado. Uma bela estreia para quem esteve afastado da competição mais de 10 anos! Mas estava confiante, pois nestas últimas semanas treinei bem, inclusive com 2 estágios na Serra da Estrela, e as sensações em treino foram boas.

Como é hábito nas equipas de ciclismo, há sempre uma reunião antes de cada etapa para delinear a tática para esse dia. Na LA-Antarte essas reuniões são feitas no autocarro da equipa, momentos antes da partida. Todos os ciclistas estão presentes, assim como o diretor Mário Rocha e o diretor-adjunto Miguel Barbosa.

Mário Rocha foi quem deu as diretrizes principais para esta etapa. Além da tática para tentarmos vencer a prova, acrescentou mais uma tarefa aos meus colegas de equipa. Protegerem-me o mais possível para que eu conseguisse chegar integrado no pelotão principal. Na prática significava que eu não teria que mexer uma palha em serviço aos propósitos da equipa.
Sinceramente, não me senti muito confortável com esta ordem. A minha ideia não é ser um fardo a carregar pelos meus colegas. Já não bastava, nesta prova, estarmos em desvantagem numérica de ciclistas em relação a outras equipas, como ainda os meus colegas tinham que se preocupar comigo! Mas é óbvio que aceitei a decisão. Eu próprio estava um pouco apreensivo com as minhas capacidades físicas atendendo á etapa que tínhamos pela frente ser tão dura!

A etapa teve duas fases distintas. Os primeiros 60 quilómetros foram muito planos, mas uma boa parte destes com vento lateral que originou que o pelotão andasse sempre encostado à berma (direita). Na prática andámos quase duas horas a “lamber valetas”, como se diz na gíria do ciclismo.
Nos primeiros 10km da etapa, os ataques eram sucessivos. Até que se formou uma fuga com uns 15 elementos, que rapidamente ganhou uma vantagem de vários minutos. Nesta altura duas equipas iniciaram uma perseguição feroz, o que fez com que o pelotão andasse grande parte do tempo a mais de 50km/h, até a fuga ser alcançada, mas só por volta do km60, altura em que começaram as montanhas da etapa. Posso dizer que nestes primeiros 60km mais planos, andei continuamente em tensão e algum estresse! Muita velocidade em estradas em mau estado. Sobretudo nas bermas, local onde mais andei, de modo a proteger-me do vento lateral. Sempre agarrado com muita força à parte de baixo do guiador (drops), e com a cabeça sempre de lado a tentar ver onde colocava as rodas. No final da prova a dor de pescoço e ombros era enorme! São momentos de estresse, sobretudo para quem esteve tanto tempo afastado!
Como se não bastasse, entre o km 45 e o km 55, as rotundas começaram a suceder, uma após outra. A cada rotunda tinha que fazer um sprint para me chegar de novo à roda do ciclista da frente. Em duas horas de prova terei feito mais de 50 sprints!
Quando iniciámos a primeira montanha da etapa, de um total de 4, eu já ia bastante desgastado, com tantos arranques e variações de velocidade. Nesta altura pensei que não aguentaria no pelotão principal durante muito mais tempo. Passou-me pela cabeça o que estava ali a fazer. Porque razão eu tinha decidido voltar a sentir esta agonia?!
Como é óbvio a minha decisão de regressar à alta competição teve como base as minhas recordações dos bons momentos nos meus tempos áureos como ciclista. Os piores momentos são mais facilmente esquecidos. Até porque felizmente foram em menor número. Mas aquilo que senti na etapa de ontem parecia um dejá vu dos meus tempos nos escalões mais jovens. Sofria imenso para não ficar para trás! Passou-me várias vezes pela cabeça em desistir. Mas dava sempre mais uma oportunidade a mim mesmo. “Vamos Vitor, só mais um pouco!”. Ontem foi semelhante. Ainda mais que tinha os meus colegas sempre a perguntar-me como me sentia e se precisava de alguma coisa. Não podia defraudar a equipa!

Após vários ataques durante a primeira montanha – Luso – formou-se um grande grupo na frente. Eu consegui manter-me sempre na parte da frente do pelotão principal. O meu colega Edgar Pinto, ao ver-me lá na frente ainda me disse: “Estás forte!”. Seria para me moralizar. Mas só eu sei o desconforto que levava pela subida acima, enquanto alguns iam a falar como se nada fosse! Aquele não era o Vitor Gamito que eu estava habituado a ver/sentir!
O grupo em fuga ganhou vantagem e a velocidade do pelotão principal, onde seguia eu e alguns dos nomes mais sonantes do ciclismo nacional, estabilizou. Felizmente para mim!
As montanhas foram sucedendo, bem duras, diga-se, e eu lá me fui aguentando neste pelotão, cada mais reduzido já que alguns elementos iam ficando para trás. Nas rampas mais duras só o meu orgulho e o incentivo dos meus colegas evitaram que eu ficasse também para trás. Um sofrimento e um desconforto que eu já há muito não sentia.
Ao mesmo tempo tentava arranjar uma explicação para estas minhas más sensações. Nada tinham a ver com as sensações que tenho sentido nos meus treinos mais duros. Será que a intensidade que levávamos nesta etapa era assim tão superior à que levo nos meus treinos? Ou será que foi a tensão e a ansiedade que originaram um maior desgaste em mim? Será que foi apenas um dia mau?

Infelizmente não pude levar a minha roda com potenciómetro, pois seria a única forma de comparar a intensidade desta etapa com as dos meus treinos (Watts NP e TSS), e chegar a alguma explicação plausível.

Chegados ao alto do Caramulo, última montanha da etapa, foi um grande alivio para mim. Até Águeda, onde estava instalada a meta final, era praticamente a descer e a rolar. Foram 35 quilómetros muitos rápidos, com curvas alucinantes pela serra do Caramulo abaixo. Mas a descer ia completamente á vontade. O BTT têm sido ótimo para manter a minha técnica e confiança em descida.

Durante a descida, um ciclista de outra equipa ainda me diz: “caramba, que bela etapa para regressares ao ciclismo! Difícil ser mais dura!” Pois é, concordo, até parece que a organização do Abimota me queria pôr à prova. LOL!

Terminei o prémio Abimota integrado no pelotão principal. Para mim uma vitória conseguida “a ferros”!

Uma palavra em especial para os meus colegas de equipa: “Sois ENORMES!!! Obrigado!” Não podia estar integrado num equipa melhor.

Mas não posso continuar a ser um fardo para a equipa! Não é esse o propósito do meu regresso à alta competição. Se esta situação de prova voltar a acontecer, terei que engolir o meu orgulho, esquecer o meu palmarés e descair para um “grupeto” mais atrasado. Terei que encarar estas provas como preparação para um objetivo maior: a Volta a Portugal. Mas não posso prejudicar os objetivos da equipa.

Esta minha participação no Prémio Abimota foi sobretudo um “abre olhos”, para ter consciência do trabalho que ainda tenho pela frente até atingir um nível digno de condição física. Não posso facilitar! Tenho consciência que o tempo que falta até à Volta é muito curto e passa num instante. Como se não bastasse, o mês de Fevereiro, em que estive praticamente sem treinar devido à lesão num dos joelhos, provocou um retrocesso de aproximadamente 2-3 meses na minha condição física.
Mas como não sou de desistir só me resta trabalhar a 120%, chegar à Volta e dar o meu melhor. Até lá, irei continuar a sofrer nas provas que tenho na minha agenda.

Termino com um agradecimento muito especial a todos os que me abordam no inicio e final das etapas, para uma foto ou uma simples palavra. São ás dezenas!!
Este carinho é muito importante para mim.

OBRIGADO.
#VitorGamitonaVolta #nopainnogain

terça-feira, 10 de junho de 2014

Turbilhão de emoções!



Bom Dia amigos,
ontem foi um dia marcante na minha vida desportiva. O meu regresso à alta competição, após 10 ANOS de interregno. Um turbilhão de emoções, muitas delas já não as sentia há muitos anos. Nem quando participei em provas desafiantes casos da Titan Desert, da TransPortugal ou da Transalp, estas em BTT.

Competir no ciclismo de estrada a este nível não tem nada a ver! Aqui todos se preparam/treinam a 100%. No fundo isto é o "ganha pão" para a grande maioria destes atletas. Os seus futuros contratos dependem dos resultados. Aqui não se brinca!
A minha estreia aconteceu ontem no prólogo do GP Abimota. Em sistema de contra-relógio por equipas, num percurso muito curto - 5 voltas de 800 metros, na avenida da marginal da Figueira da Foz. No final de 400 metros de avenida, com uma curta e duas lombas pelo meio, tinha que fazer uma inversão de marcha - a chamada volta ao bidão - e fazer os outros 400 metros, com a mesma curva e mais duas lombas para ultrapassar.

Nos meus tempos áureos esta era uma especialidade que eu me dava muito bem. Aliás, terei vencido mais de 12 prólogos. Bem, mas talvez com menos curvas e um pouco mais longos! Como este não me lembro de ter feito nenhum.

Arranquei em terceiro, como estipulado pelo nosso director desportivo Mário Rocha. Cada ciclista teria que fazer uma recta a puxar - 400 metros. Eu fiz a terceira recta. Senti-me bem até essa altura. Mas quando tive que ir para o fundo da fila começaram as dificuldades! O "sprinta-pára-sprinta" de cada volta ao bidão custou-me imenso. Cada curva que fazia perdia 1 metro! Além da falta de potência máxima que sinto nesta fase, a idade para estas brincadeiras também pesa muito. Como se não bastasse ainda não estou totalmente adaptado à bike de crono, e ao sistema de mudanças nos extensores. Aguentei-me na frente até à terceira volta, depois apercebi-me que se continuasse a insistir estaria a atrapalhar o andamento da minha equipa, e resolvi "levantar o pé" e descair, como já tinham feito alguns colegas meus. Bastava chegar 3 ciclistas na frente. O tempo do terceiro elemento era o que contava. E assim o fiz.

O resultado final foi um terceiro lugar na classificação por equipas. E a minha decisão de descair acabou por ser a mais acertada.
Os meus colegas estão fortíssimos. E eu tenho que continuar a treinar para tentar chegar ao nível deles
No final, como recuperação activa, para eliminado ácido láctico acumulado, viemos de bicicleta para o hotel. Foram 23 quilómetros em ritmo tranquilo.

Hoje será mais a sério! 175km que ligam a Figueira da Foz a Águeda, mas com passagem pela serra do Caramulo. No total serão 4 contagens de montanha - 3 de terceira categoria e uma de segunda. A saída da Figueira será às 14h00 e a chegada a Águeda está prevista para as 18h30.
Vamos lá ver como se comporta hoje o "clássico" no meio destes F1's todos

segunda-feira, 9 de junho de 2014

Keep Calm...



Faltam 52 dias para o tiro de partida da Volta a Portugal 2014.
Neste momento, vou a cerca de 2/3 (dois terços) da minha preparação para a prova rainha do calendário nacional de ciclismo.

Hoje começa a terceira e última fase desta preparação.
Durante as próximas 7 semanas irei participar em todas as competições nacionais destinadas a ciclistas do escalão elite, os chamados profissionais. Os objectivos serão sobretudo, adquirir ritmo de competição, conhecer melhor os colegas de equipa e eles conhecerem-me a mim, e avaliar a minha condição física no terreno e com adversários. Coisas que não se conseguem em treino, ainda mais que tenho por hábito treinar sozinho.

Este é o meu calendário de competição previsto:
- 8 e 9 Junho: Prémio Abimota
- 14 Junho: 3ª. Taça de Portugal – Troféu Concelho de Oliveira de Azeméis
- 15 Junho: Gerês Granfondo
- 21 e 22 Junho: Volta a Albergaria
- 27 Junho: Campeonato Nacional de Contra-relógio
- 29 Junho: Campeonato Nacional de Estrada
- 10 a 13: Troféu Joaquim Agostinho – GP. Torres Vedras
- 30 Julho a 10 Agosto: Volta a Portugal

Hoje às 17h30, será oficialmente o meu regresso à alta competição.
Dez anos depois, e já com 44 anos! Tenho colegas de equipa com quase metade da minha idade! Se isso me assusta?! Um pouco.
Neste momento sinto alguma ansiedade, um nervoso miudinho, mas também e sobretudo, curiosidade. Como vai reagir o meu corpo ao ritmo competitivo? Será que os treinos que fiz até agora serão suficientes para aguentar o pelotão elite? Será que ainda sei andar no meio um pelotão com mais de 100 ciclistas a rolarem a mais de 40km/h? Será que estou à altura para cumprir as tarefas que me forem atribuídas pelo diretor da minha equipa? No final do dia de amanhã já terei resposta para grande parte destas dúvidas.

Uma coisa é certa. O meu regresso nada tem a ver com resultados classificativos. Não pretendo vencer nada. Seria demasiada presunção, um “velhote” afastado há já 10 anos, chegar ao pelotão elite e vir com ideias de vencer o que quer que seja. Aquilo que consegui durante os meus 20 anos de carreira, deixa-me bastante tranquilo neste aspecto. Não me peçam (mais) camisolas amarelas ou vitórias em etapas! Quero desfrutar do ciclismo sem pressões, aquelas mesmas que senti em quase toda a minha carreira. Sentir-me-ei realizado e feliz se contribuir para o sucesso da equipa que me acolheu, se dignificar as marcas e empresas que apostaram em mim, se for elemento ativo do grande espetáculo que é o ciclismo, e por fim, se a minha família, amigos e fãs, no final desta aventura sentirem-se orgulhosos da minha postura em cima da bicicleta e fora dela.

LET THE PARTY BEGIN!!!

sexta-feira, 6 de junho de 2014

Scott Plasma


Scott Plasma, a bike que vou utilizar nos 2 contra-relógios da Volta a Portugal, no campeonato nacional de contra-relógio, e já na próxima segunda-feira no crono por equipas do GP Abimota.

quinta-feira, 5 de junho de 2014


Finalmente, aqui estão as partidas e chegadas da Volta a Portugal 2014.
Já podem começar a marcar as férias, hihi
#VitorGamitonaVolta

quarta-feira, 4 de junho de 2014

Oficialmente ciclista da LA-Antarte



A todos aqueles que me incentivaram e deram força para seguir em frente em busca do meu sonho (mais recente), o meu sincero obrigado. Aqui está ela. Que isto sirva de inspiração para não desistirem também dos vossos sonhos.

A todos aqueles que duvidaram das minhas intenções, dizendo que tudo isto era apenas uma jogada de marketing, aqui está ela.

Ficam desde já TODOS convidados a assistir à minha primeira participação em competição de Elite, em representação da equipa LA-ANTARTE-ROTA DOS MÓVEIS , já na próxima segunda-feira, com o GP Abimota, na Figueira da Foz, a partir das 17:30, com um contra -relógio por equipas.
#VitorGamitonaVolta