sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Volta da Consagração




A Volta a Portugal do meu regresso – 2ª etapa

Cada dia que passa a Volta fica cada vez mais intensa. E nem me estou a referir à velocidade dos ciclistas, mas sim à intensidade das emoções vividas e ao carinho do público. A etapa com partida em Gondomar e chegada a Braga foi mais um dia daqueles que há-de ficar gravada para sempre na minha memória, ao lado de outros dias também importantes da minha carreira, nomeadamente a chegada à Torre no ano que venci a Volta a Portugal, já lá vão 14 anos.

Bem, mas nesta crónica vou tentar não falar de emoções. Vou-vos falar da minha prestação física e uma das razões pela classificação ser tão modesta e estar já a mais de 6 minutos do primeiro classificado.

No meio de tantos elogios e incentivos, acabo sempre por receber mensagens menos positivas. “Já devias ter juízo”, “O teu lugar é em casa”, “Devias dar lugar a um ciclista mais novo e promissor”, “Já estás velho para estas coisas”, “Vais-te arrepender”, “Espero que saibas o erro que estás a cometer” – esta última foi dita por um ex-ciclista MUITO querido pelo público português há 2 dias, e etc., etc. Acreditem que mesmo eu que sou uma pessoa determinada e que encaixo muito bem as criticas “destrutivas”, muitas vezes fico a pensar que mal fiz eu, ou será que não devia ter ficado mesmo em casa! Mas depois quando chego ao local de partida de uma etapa, esqueço completamente estas criticas pois as palavras de incentivo são centenas de vezes superiores!

Além de determinado, sempre fui uma pessoa perfeccionista. Costumo dizer que até demais. Comecei a preparar esta minha participação na Volta, há cerca de 7 meses. E mesmo sabendo que nunca iria discutir os primeiros lugares da classificação geral, não pelo facto dos meus já 44 anos de idade, mas pelos 10 anos afastado e sem treino regular e consistente, treinei o melhor que sei, privei-me de muitos prazeres da vida e prejudiquei o tempo de qualidade com a família e mesmo o rendimento na minha atividade profissional.

Há medida que os meses de treinos iam passando, o meu rendimento físico foi melhorando consideravelmente, chegando a valores capazes de ambicionar fazer a tal “gracinha” que muitos me pedem que faça nesta minha última Volta a Portugal.
Sempre disse e continuo a dizer que não regressei a pensar em classificações, mas sim em desfrutar da minha última Volta sem pressões. Pressões estas que tive que conviver durante toda a minha carreira. Mas...claro que se me sentisse fisicamente bem, gostaria de oferecer a tal “gracinha” aos milhares de adeptos que me têm apoiado nesta minha aventura.

Só que nestes últimos 2 meses de preparação o meu corpo pregou-me uma pequena rasteira! Não conseguiu assimilar as cargas de treino que lhe dei o que originou uma quebra evidente no meu rendimento físico! Nestas últimas semanas antes da Volta ainda tentei remediar esta situação, fazendo apenas treinos muito suaves. Isto fez com que entrasse na Volta com falta de ritmo, mas na esperança que com o passar dos dias a forma física vá melhorando. Vamos aguardar

Para terminar este raciocínio, posso dizer que SE eu estou tivesse na mesma condição física que estava há cerca de 2 meses possivelmente estaria ainda nos primeiros 20 da classificação geral, e a vitória numa etapa poderia ser uma realidade. Mas como não estou, resta-me mesmo divertir-me, ajudar a LA-ANTARTE-ROTA DOS MÓVEIS a vencer a Volta e retribuir sempre que possível o carinho do público.
Vou encarar esta Volta como a minha Volta da consagração de uma carreira de 30 anos

Ah, continuo a receber imensos “selfies” e fotos tiradas comigo antes e após as etapas. Continuem a enviar

Hoje será mais uma etapa duríssima, com chegada à Serra da Larouco – Montalegre.

#ImpossibleIsNothing

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