domingo, 3 de agosto de 2014

Chuva, vento e frio!





Como prometido cá estou eu para vos falar um pouco da etapa de ontem. A primeira de 5 com chegada a coincidir com uma montanha. A segunda será já hoje, a mítica chegada ao Monte Farinha mais conhecida por Senhora da Graça em Mondim de Basto.

Ontem senti na pele e no osso uma daquelas etapas do Tour de France deste ano que assisti pela TV. Uma etapa com um percurso duro (5 montanhas), com chuva e vento quase do início ao fim dos 184 quilómetros! Tais eram as condições climatéricas que não houve imagens de helicóptero! Felizmente a temperatura era suportável até para mim que sou muito friorento. Onde sofri mais foi após terminada a etapa no alto da serra do Larouco, quando tivemos que fazer toda descida de bicicleta para ir ao local onde estavam estacionados os autocarros das equipas. Mesmo com bastante roupa vestida cheguei ao autocarro com as mãos congeladas e a bater o dente. Mas uma das vantagens da equipa ter autocarro é que podemos tomar de imediato um duche quente. A viagem até ao hotel em Chaves ainda demorou cerca de uma hora. Até lá deu para beber o habitual Fast Recovery e comer arroz doce. Pela primeira vez adormeci no autocarro!

Chegámos ao hotel já eram 19h30. A Ana (minha fisioterapeuta) já estava à minha espera para a massagem de recuperação. Esta massagem dura cerca de uma hora. Os meus músculos continuam impecáveis, têm recuperado bem dia após dia. O joelho, e mesmo com a chuva, tem-se portado bem.
Com os horários de chegada desta Volta a Portugal, nunca conseguimos começar a jantar antes das 21h00. Muitas vezes às 21h30. Ontem fui para a cama às 23h30 e mesmo assim ainda sentia o estômago cheio.

A única oportunidade que tenho para vos escrever estas crónicas é acordando um pouco mais cedo que os meus colegas. O despertador do meu colega de quarto – Daniel Freitas – toca por volta das 8h00-8h15, mas eu às 7h30-7h45 já estou acordado. E mesmo assim chego sempre um pouco atrasado ao pequeno-almoço, quando tenho dificuldade em parar de escrever (falar nisso o meu colega acaba de descer).

Digamos que quase não temos tempo de lazer durante a Volta. Não fosse a era dos smartphones, em que conseguimos estar em qualquer momento ligados ao mundo, pouco contacto teríamos com o “exterior”. Não parece muito bem, mas mesmo à mesa, entre o prato da sopa e o da massa, é já normal, entre dois dedos de conversa sobre estórias da etapa, estarmos agarrados ao telemóvel para vermos o que se passa no mundo digital.

Quanto às minhas sensações durante a etapa, senti-me relativamente bem. Alguma tensão sobretudo nas descidas, já que a chuva tornou o asfalto em manteiga. Houve muitas quedas, inclusive dois colegas meus (Hugo Sancho e Edgar Pinto). Neste aspecto passei incólume. Só não escapei foi ao ritmo imposto na entrada para a última montanha – Serra do Larouco.

Como não ambiciono nem estou em condições físicas para lutar por uma boa classificação – fazer 20º ou 80º tem o mesmo significado para mim - mal começou a subir, a faltar cerca de 8 quilómetros para a meta, descaí para um “grupeto” que ia num ritmo menos desconfortável. Entretanto também furei a roda da frente, mas era um furo muito pequeno e deu para terminar a etapa sem ter que trocar de roda. Mesmo com o nevoeiro, a chuva o vento e o frio, os adeptos não arredaram pé. E mesmo atrasado, foi impressionante os incentivos que recebi durante toda a subida! Os meus colegas de “grupeto” só comentavam esta situação e brincavam com ela.

Hoje temos pela frente uma das duas etapa mais duras desta Volta a Portugal. A chegada à mítica Sra. Graça. Será quase com toda a certeza a última vez que irei fazer esta subida em competição. Mesmo nos meus tempos áureos nunca me dei bem com esta subida. Talvez por ser demasiado curta para as minhas características e demasiado inclinada no último quilómetro.
Mas espero desfrutar desta subida como nunca desfrutei. Sentir a força dos milhares de adeptos que invadem o Monte Farinha.
Só não me peçam para parar em plena subida e fazer uma “selfie”. Senão ainda estou sujeito a chegar fora do controlo de tempo

Até já.
#ImpossibleIsNothing

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