quinta-feira, 31 de julho de 2014

Sejam felizes

Primeiro dia da 76ª Volta a Portugal

Tantas emoções e sensações que eu já não sentia há mais de 10 anos!
A reunião de trabalho com o director desportivo,
os preparativos para o contra-relógio,
as imensas fotos que tirei com adeptos, rever antigos colegas,
os inúmeros autógrafos para os colecionadores que percorrem o mundo à procura do ciclista que lhes falta,
o aquecimento para o crono,
a contagem decrescente “cinco, quatro, três, dois, um, partiu!!!”,
o público a gritar “Força Gamito!”,
a respiração ofegante,
ouvir as instruções do director desportivo via rádio como se de um co-piloto se tratasse,
as pernas a latejar,
o último quilómetro a parecer uma eternidade e eu dizer a mim mesmo enquanto olho para o meu cronometro a ver os segundos correr: “bora, só falta mais um pouco!”,
o speaker anunciar o meu nome no meio do barulho ensurdecedor da multidão,
os meus olhos desesperados à procura da linha de meta,
o alivio do término deste esforço violento,
o meu massagista a segurar-me de imediato para eu não cair para o lado,
a boca a saber a sangue,
a água fresca a descer-me pela garganta seca,
as entrevistas com um sorriso no lábios,
um beijo da minha filha também com um sorriso nos lábios.
Ela estava feliz, eu também.

Ontem fui muito feliz.

Classificação?! Excelente! O meu colega Edgar Pinto fez 5º lugar, foi o melhor português e está na discussão da vitória da Volta a Portugal. Querem mais?
...sejam felizes

#ImpossibleIsNothing
#VitorGamitonaVolta

quarta-feira, 30 de julho de 2014

O início do fim


Hoje é o início do fim deste desafio, aventura ou loucura, como quiserem chamar. Fazer parte, mais uma vez e pela última vez, do pelotão da Volta a Portugal em bicicleta, e após 10 anos afastado da competição.

Muitos dizem que o aspecto mais importante e que poderá dificultar o concretizar deste meu sonho de chegar a Lisboa, será o facto de eu já ter 44 anos de idade. Pois eu digo que são mais os 10 anos que estive sem competir e arriscar fazer uma competição desta dureza com apenas 6 meses de preparação e 12 mil quilómetros nas pernas.
É um risco? Claro que sim. Mas é este risco e insegurança que me conferem a adrenalina e a garra para cerrar os dentes e dizer para mim mesmo: Eu vou conseguir!

Muitos seguidores, sobretudo os mais recentes e menos familiarizados com o ciclismo, têm-me colocado metas ou objectivos, como tão “simplesmente” vencer uma ou duas etapas, se for a da Torre melhor ainda, ou ficar nos 10 primeiros, e até vencer a Volta.
Mas dos cerca de 150 ciclistas que vão estar hoje na linha de partida, qual não gostaria?!

Sempre fui uma pessoa muito realista e consciente das minhas capacidades. Poderia aceitar e até “roubar” uma dessas metas para mim, mesmo com os meus 44 anos de idade! Mas não poderia ter estado afastado desta andanças tantos anos. A falta de ritmo, e a capacidade de recuperação tem sido mais que evidente nas competições que participei nestes últimos dois meses como preparação para a Volta. Por isso, continuo a dizer que o meu objectivo pessoal é chegar a Lisboa. Tão simples quanto isto! Dia a dia irei vendo como reage o meu físico.

Objectivos pessoais à parte, estou nesta Volta também com a missão de ajudar a LA-ANTARTE-ROTA DOS MÓVEIS a vencer a Volta a Portugal, e por último mas não menos importante, COMUNICAR diariamente com todos vós. Espero terminar as etapas ainda com uma pontinha de energia para relatar como foi o meu dia e de toda a caravana da Volta.

Nunca são demais os agradecimentos que vos faça! Mais uma vez obrigado pelas milhares de mensagens de apoio que recebo a darem-me força. Irei com toda a certeza, nos momentos mais difíceis lembrar-me das mesmas.

Não percam a festa do ciclismo, hoje na RTP1 a partir das 16h00 (acho)

OBRIGADO

#‎ImpossibleIsNothing
#‎VitorGamitonaVolta com GoldNutrition, BIKE ZONE, Scott Portugal, Europcar Portugal, H2otel Congress & Medical SPA, BBB Cycling, Stages Power SA, Fisiotorres Lda, Shimano Cycling e GMTSports

domingo, 27 de julho de 2014

A Cereja



Um bolo festivo, regra geral, é constituído por uma base, uma cobertura, algumas vezes também por um recheio, e por fim leva uma decoração. Uma cereja por exemplo.

Poderia comparar esta minha aventura à confecção de um bolo. Os primeiros meses de preparação seriam a base do bolo. Uma base simples, apenas constituída por treinos, sem competições. A base do meu bolo teria ficado perfeita se não fosse a lesão em fevereiro que fez com que o bolo não tivesse crescido na perfeição. Saiu do forno um pouco torto. De forma a disfarçar essa imperfeição, tentei corrigir com a cobertura. Esta cobertura terá sido a segunda fase da preparação, a partir de Junho, onde comecei a participar em competições. Mas para endireitar o bolo abusei um pouco mais na cobertura!
O problema é que esse excesso de cobertura, em algumas zonas do bolo acabou por derramar! A base não se está a aguentar com tanta cobertura!
O que quero dizer com isto? Que para tentar recuperar o mês que estive sem treinar, por causa da lesão, terei forçado demasiado na segunda fase da minha preparação.
Nestas últimas semanas apercebi-me de alguns sintomas de sobrecarga de treino, nomeadamente quebra nos valores de potência (critical power), perturbações no sono e irritabilidade. Óbvio que o meu corpo já não reage nem recupera como o fazia há 10-15 anos atrás. E este equilíbrio entre carga e recuperação não é nada fácil de gerir sobretudo quando estamos 10 anos afastados de toda esta dinâmica!

Tinha previsto fazer, como último estágio, 6 dias de carga na Serra da Estrela. Mas por forma a tentar contrariar esta tendência para “overtraining”, reduzi os 6 dias de carga para apenas 2 dias intercalados com dias de recuperação, e desde que regressei da Estrela, na terça-feira, só tenho feito treinos muito suaves. Com isto tenho esperança que até Quarta-feira, dia do inicio da Volta a Portugal, esteja já recuperado das cargas que dei ao meu corpo durante estes últimos meses, cargas que ele já não estava habituado. Com tantos dias de treino suave, o mais provável será nas primeiras etapas sofrer por falta ritmo, mas prefiro isto a iniciar a Volta já cansado. Com a passagem dos dias espero ir melhorando.
Independentemente do bolo não estar perfeito, resta-me agora colocar a tal cereja em cima. A cereja é a minha participação na Volta a Portugal. Mesmo o bolo não estando tão bonito como eu desejaria, espero que pelo menos o sabor seja bom :)

Amanhã (Segunda-feira) viajo para o quartel general da minha equipa LA-ANTARTE-ROTA DOS MÓVEIS, o “Paredes Hotel Apartamento”. Terça-feira será a apresentação das equipas em Fafe.
Durante a Volta a Portugal irei comunicar convosco numa frequência diária. Quero mostrar-vos os bastidores, partilhar os meus receios, as minhas dúvidas, as alegrias, por intermédio de uma crónica diária que irei colocar aqui e no meu Facebook (http://www.facebook.com/gamito.vitor). Irei também publicar alguns vídeos dos bastidores da minha equipa e da prova rainha nacional.

Por tudo isto, estejam atentos

#‎ImpossibleIsNothing #‎VitorGamitonaVolta

quinta-feira, 24 de julho de 2014

Dorsal #21

Já foi anunciada a lista de pre-inscritos para a 76ª Volta a Portugal em bicicleta. 

Surpresa minha, foi-me atribuído pelos responsáveis da LA-ANTARTE-ROTA DOS MÓVEIS o primeiro dorsal da equipa - #21. 

Uma honra, mas ao mesmo tempo uma responsabilidade.

Tudo farei para dignificar este dorsal.

#ImpossibleIsNothing









terça-feira, 15 de julho de 2014

"Não caíste filho?"



Faltam 15 dias para o início da Volta a Portugal em bicicleta. E se tudo correr dentro da normalidade, eu serei um dos ciclistas a compor o pelotão multicolor. Se há 8 meses atrás, quando anunciei esta minha aventura, haviam dúvidas e até desconfianças sobre esta minha intenção, julgo que neste momento já não restam muitas dúvidas.

O trabalho mais árduo está praticamente todo feito. Nestes 15 dias que faltam, a maioria será para recuperar destes últimos meses de treinos intensos e das competições que participei como parte da preparação para a Volta.

Mas é uma fase que me obriga a alguns cuidados e privações, sobretudo no que respeita à alimentação. Treinar menos significa obrigatoriamente ingerir menos calorias, ou seja, comer em menor quantidade. Para quem está habituado a gastar, e logo, a ingerir cerca de 4 a 7 mil calorias por dia, não vai ser uma tarefa fácil reduzir para 2.500-3.500 cal/dia!
É um contrassenso, mas às vezes prefiro treinar mais horas, pois assim também posso comer mais

E qual a minha condição física atual? O que serei capaz de fazer na Volta a Portugal?
Confesso que tinha previsto estar em melhor condição física neste momento. Há pouco mais de um mês atrás os números que retratam a minha performance física eram consideravelmente superiores (ver gráfico comparativo).



E o que é que correu mal então para que agora sejam piores? Possivelmente a minha ânsia de recuperar o tempo e a forma física que perdi com a lesão que me obrigou a parar durante todo o mês de fevereiro, me tenha levado a uma situação de fadiga prolongada. Um individuo com 44 anos não recupera tão bem quanto um de vinte e poucos anos. São teorias que sempre ouvimos falar, mas que só concordamos quando as sentimos na pele.

Mas nem tudo está perdido! Acredito que ainda seja possível rectificar este retrocesso na minha condição física. Tinha previsto um estágio de 6 dias na Serra da Estrela para afinar um pouco mais a minha condição física. Mas o mais sensato neste momento será fazer uma alteração no meu plano de treinos e reduzir este ciclo de carga para apenas 3 dias. Um destes dias coincidirá com a minha participação na Skyroad Granfondo Serra da Estrela – 19 de Julho. O resto será dedicado à recuperação. Dificil conseguir um local melhor para esta recuperação que o H2otel Congress & Medical SPA.

A minha experiência pessoal ensinou-me que: em caso de dúvida, é sempre preferível entrar na Volta com alguma falta de ritmo, que sobrecarregado de treinos.

Ah, e por favor, não me perguntem em que lugar fiquei nesta ou naquela competição! Já o disse várias vezes que não regressei em busca de classificações. Perguntem-me o mesmo que a minha mãe me perguntava quando, com 15 ou 16 anos de idade, eu chegava a casa depois de mais um fim-de-semana de prova: “Não caíste filho?”

#VitorGamitonaVolta #ImpossibleisNothing — com GmtSports Treino Desportivo.

sábado, 12 de julho de 2014

Novo manual "Regras básicas do pelotão"?!


Aproveitando mais uma noite de insónia deixo-vos aqui mais uma crónica.
Bem, tecnicamente não será bem uma insónia. Simplesmente ainda não consegui adaptar o meu fuso horário aos horários das competições nacionais. Desde que me lembro, a minha hora de despertar nunca foi depois das 8h00. As etapas nos anos 90, regra geral começavam por volta das 10h00-11h00, como a nossa regra é fazer a última refeição cerca de 3h-2h30 antes, significa que acordávamos por volta das 6h30-7h30. Em 2004 quando deixei a alta competição, comecei a despertar ainda mais cedo. Em 2005 e 2006 porque tinha à minha responsabilidade uma equipa profissional de ciclismo, a Riberalves/GoldNutrition (2005) e depois Riberalves/Alcobaça (2006). Nestes dois anos dormia em média cerca de 6 horas. Não havia tempo para mais!. Além de diretor desportivo, era o treinador de praticamente todos os ciclistas da equipa, e como se não bastasse, era o responsável pelo marketing e relações públicas da equipa. Mesmo assim, ainda arranjava tempo para treinar (corrida) cerca de uma hora todos os dias. O despertador tocava quase sempre às 6 da manhã.

Em 2007 achámos por bem ceder o patrocínio da marca Riberalves a uma outra equipa nacional – a Riberalves/Boavista. Assim fiquei bem mais liberto, pois era apenas o responsável pelo marketing e relações públicas desta equipa. Nesta fase entrei também para os quadros da GoldNutrition. Até então era apenas consultor desta marca nacional. Mas a minha hora de despertar não mudou muito, passou para as 7 da manhã.

Em 2008 deixei as funções em equipas de ciclismo e dediquei-me de corpo e alma à GoldNutrition e à GMTSports (treino de ciclistas). Isto não alterou em nada os meus hábitos no que respeita a horários. Deitar por volta da meia-noite e acordar às 7h00. Foi neste ano que comecei a fazer BTT com mais regularidade. Aproveitava os fins-de-semana livres, e por vezes durante a semana treinava nos rolos ao final da tarde.

Agora de repente tudo tem que mudar! As etapas nunca têm início antes das 11h00, aliás, a maioria só começa depois do meio-dia! Isto obriga a que eu tenha que dormir até às 9h00-10h00! Mas não consigo! Mesmo que me deite às 0h30, como ontem, ou melhor, como hoje, o meu alarme biológico toca o mais tardar às 7h30, quando não é antes! Será a velhice, ou será os muitos anos de rotina?!

Bem, assim sendo, resta-me aproveitar as duas horas que faltam até ao pequeno-almoço/almoço, que hoje está marcado para as 10h00, e fazer algo útil.

Neste momento estou na famosa, pelo menos para os ciclistas, Residencial Braga no Vimeiro. O Sr. Duarte, proprietário deste estabelecimento, é um grande adepto de ciclismo. Muitas equipas ficam instaladas nesta residencial, porque somos tratados como...futebolistas?! Brincadeira, somos sim tratados com MUITA simpatia a baixos preços, aspecto essencial para as equipas nacionais.

Falando do Troféu Joaquim Agostinho. Uma competição de 4 dias que se desenrola na região litoral oeste, estradas onde costumo treinar. Aliás, ontem passamos a 1000 metros de minha casa.
No primeiro dia, fizemos um contra-relógio individual de 7,5 quilómetros. Se fosse nos meus tempos áureos, teria disputado a vitória neste exercício. Aliás, tenho no meu palmarés duas vitórias em contra-relógios neste Troféu. Mas agora os tempos são outros, a disponibilidade física é bem menor, sobretudo nestes esforços mais curtos mas bem mais intensos. Terminei esta etapa num modesto 35º lugar. “Modesto” para aquilo que estava habituado. As minhas sensações durante o crono nem foram más e apliquei-me a 100%, não fui a passear. Mas o corpo não deu mesmo para mais! Terminei o contra-relógio com a “boca a saber a sangue”.

Ontem tivemos pela frente uma etapa com 170km e 2800 de subida acumulada. O meu quintal é tramado! Sempre muito ventoso e um terreno de sobe e desce constante! E as estradas estão em muito mau estado. Remendos no asfalto, tampas de esgoto desniveladas, bermas sujas ou muito baixas, enfim, imaginem um pelotão de 130 ciclistas a 40-60 à hora, muito nervoso, a rolar nestas estradas! O meu coração vai sempre nas mãos!

Em quase todas as competições que tenho participado, desde o mês passado, experimento novas sensações e situações. Ontem assisti a um embate entre Rússia e Colômbia. Não, não tem a ver com o mundial de futebol, mas sim com kickboxing. A determinado momento da etapa, dois ciclistas destas equipas pegaram-se literalmente, por causa da disputa de um reduzido espaço no pelotão! É verdade, um espaço na via pública. Mas sobre isto já vos explico. Bem, foi mesmo à minha frente. Primeiro começaram às cotoveladas, depois aos empurrões, até que o russo desequilibrou-se e mandou um valente trambolhão! Eu escapei por um triz. Isto tudo a 40km/h! Depois vieram os colegas russos a quererem ajustar contas com o colombiano, mas como não sabiam qual colombiano foi, começaram a pegar-se com todos eles! Até que eu e mais alguns ciclistas de outras equipas tivemos que colocar um ponto final nestas cenas pois estavam a colocar em perigo todo o pelotão. Dissemos para resolverem as divergências após finalizar a etapa. De qualquer forma, os comissários é que não se aperceberam destas situação, senão ambos os ciclistas teriam sido expulsos.

Bem, isto leva-me a um outro assunto. A luta por um espaço no pelotão. Esta é uma das diferenças em relação ao BTT. Os ciclistas de estrada são bem mais agressivos! Lutam afincadamente pela melhor colocação no pelotão, muitas vezes utilizam a técnica do toque para conseguirem a melhor. Ou dão um toque com a mão no rabo do ciclista para se desviar, ou muitas vezes é com o próprio guiador. Isto não é novidade de agora. No meu tempo já era assim, mas muito menos frequente! Agora parece uma moda. A desavença que relatei há pouco entre um russo e um colombiano, foi por isto mesmo. Os colombianos gostam muito de ...tocar e acham que têm prioridade sobre todos os outros ciclistas na escolha do melhor “spot” no pelotão. Os russos não gostam que lhes digam para se desviarem, e como tal partiram para a chapada.

Mas este desrespeito entre colegas de profissão não é exclusivo dos colombianos. Acontece o mesmo entre equipas portuguesas. Algumas acham que são mais importantes que outras e como tal têm lugar cativo nas zonas VIP do pelotão. E qual é a zona VIP de um pelotão. Bem, quando o percurso é sinuoso e perigoso, o melhor lugar é logo a seguir à equipa que estiver a puxar pelo pelotão, regra geral a equipa do camisola amarela. Nesta zona há menos probabilidades de quedas e o esforço físico e psíquico exigido é bem menor. Estas equipas que se acham VIPs ou com mais direitos que as outras demais, querem colocar TODOS os seus ciclistas atrás da equipa que vai a fazer as despesas da corrida, ou seja a puxar, não deixando sequer que algum ciclista de outra equipa se intrometa no meio de todos estes VIPs.

Volto a dizer, “no meu tempo” a única equipa considerada VIP era a do líder da prova, e o único ciclista prioritário era o camisola amarela. Estes tinham preferência. O resto do pelotão era tratado de igual forma.
Mas pelos vistos existe uma nova edição do manual “Regras do pelotão”, mas eu ainda não o li!

Bem, esta crónica já vai longa. Vou deixar a parte que fala sobre a minha condição física atual, e a minha prestação nesta prova para a crónica de amanhã.

Quero só aproveitar para dar mais uma vez os parabéns ao meu colega Edgar Pinto que venceu a etapa de ontem de forma brilhante, moralizando desta forma toda a equipa LA-ANTARTE-ROTA DOS MÓVEIS. O Edgar é um dos favoritos à vitória na Volta a Portugal. Força Edgar!

E termino com a noticia que consegui mais um parceiro que me vai ajudar no apoio logístico à Volta a Portugal. Brevemente direi qual é.

Até amanhã

#VitorGamitonaVolta

quinta-feira, 10 de julho de 2014

Troféu Joaquim Agostinho





Hoje começa o "Troféu Joaquim Agostinho" - GP de Torres Vedras.
Uma competição para ciclistas do escalão elite e sub-23, composta por 4 etapas (prólogo + 3 etapas em linha). 

Durante a minha carreira de ciclista, terei participado nesta prova apenas 3-4 vezes. Por estar muito próximo da Volta a Portugal nunca se "encaixou" muito bem na minha preparação para a prova rainha. Aliás, como podem ver no meu palmarés (http://vitorgamitonavolta.blogspot.pt/p/palmares.html), sou daqueles que acha que "santos da casa não fazem milagres"! As vitórias que tenho neste grande prémio foram apenas em 2 contra-relógios e uma camisola azul (líder da montanha).

Mas este ano vou participar, pois é a única oportunidade que tenho para competir mais que 2 dias seguidos. Desde Junho, altura em que comecei a competir, só tem havido provas com 2 dias de duração. O Troféu Joaquim Agostinho será sobretudo um teste á minha capacidade de recuperação dia após dia. Conheço muito bem todas as etapas, pois estou a jogar "em casa". Todas as etapas são muito duras. Duas delas com chegadas em subida, e a terceira com um circuito final também ele muito difícil. Como se não bastasse, esta região - Litoral Oeste - é famosa pelo vento forte que se faz sentir dia sim, dia sim.

Os meus objetivos pessoais são em tudo semelhantes aos das provas anteriores. Treinar, sofrer, desfrutar, e ajudar os meus colegas da LA-ANTARTE-ROTA DOS MÓVEIS mais capacitados a uma boa classificação. Não tenho qualquer ambição em termos de classificação!

Hoje disputa-se o contra-relógio. Com a extensão de 7,6km, tem inicio às 17h00 no centro de Torres Vedras e termina na avenida onde está a estátua de Joaquim Agostinho.

Todas a informação desta prova aqui >http://www.trofeujoaquimagostinho.com/

Mas agora de manhã ainda vou rodar a pretinha durante 1h30 
Até já 

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Quase no ponto!



4,4% de massa gorda, avaliado com DEXA. Muito bom! Mas ainda dá para baixar até aos 4% até à Volta a Portugal

quinta-feira, 3 de julho de 2014

Campeonato Nacional de fundo - de rastos!



Já não me lembrava desta sensação. Quando o cansaço físico é tal que aproveitamos todo o tempo livre para fazer ...nada! Nem sequer pensar muito!

Terminei há 2 dias mais um ciclo de carga. Ciclo este que coincidiu com os campeonatos nacionais. Na Sexta-feira o de contra-relógio, e depois no Domingo o de fundo. Mas logo no dia seguinte (Segunda-feira), aproveitei o facto de estar próximo da Serra da Estrela e fiz mais um treino duro com passagem pelo alto da Torre. Na Terça-feira foi o último dia deste ciclo de carga, com um treino de 4h30 e 2500 metros de subida acumulada. Ontem e hoje estou de rastos! Sem energia, com dores musculares, e sem vontade de fazer o que quer que seja! Mas como me comprometi a escrever uma crónica sobre o fim-de-semana passado, aqui vai ela.
Em relação ao campeonato nacional de contra-relógio, está tudo dito, aqui >> http://on.fb.me/1xnvJLg.
Quanto ao Nacional de fundo ou estrada, como queiram chamar, deixo-vos agora o rescaldo possível.

O último campeonato nacional de fundo para a categoria elite em que participei foi em 2003. Sim, há 11 anos. Nunca fui um ciclista com resultados de destaque em provas de um dia. Durante todo o meu percurso desportivo, de 20 anos, apenas consegui uma medalha de prata em nacionais de fundo, tinha eu 15 anos. Tenho alguns títulos de campeão nacional, mas em disciplinas mais individuais, nomeadamente contra-relógio (3 titulos), perseguição em pista (2 títulos) e rampa (1 titulo).
Talvez por me faltar uma ponta final rápida, sempre encarei a minha participação em nacionais de fundo como um treino e como mais um elemento da equipa para ajudar colegas mais capacitados para conseguirem uma boa classificação. Uma boa classificação nesta prova significa ganhar uma das 3 medalhas em jogo. Os 3 primeiros é o que fica para a história da modalidade, todo o resto pouca importância tem.

A minha participação neste campeonato nacional de fundo regeu-se pelos mesmos objectivos. Fazer mais um bom treino e ajudar os meus colegas mais talhados para este tipo de competição.

O percurso escolhido para este ano era particularmente duro. Bem mais que os anteriores. Não que eu tivesse conhecido os dos anos anteriores, mas este foi um dos assuntos mais comentados no seio do pelotão elite. Aliás, só a percentagem de desistentes diz tudo. Em 62 elites que estiveram no tiro de partida, apenas 28 cumpriram os 201km de prova! Eu não fui um desses 28. Na última passagem pela meta (5ª volta) decidi encostar às boxes. Porquê? Porque tinha descolado do grupo dianteiro alguns quilómetros antes, e por isso já não iria fazer uma classificação de destaque, nem iria já servir de ajuda aos meus colegas que ainda seguiam na frente. Porque já tinha 170 quilómetros feitos, com 3200 metros de desnível acumulado, portanto já um treino muito bom e bem duro! Porque nos dois dias seguintes ainda tinha treinos muitos duros para cumprir. Não podia gastar todos os cartuchos num só dia.

O objetivo único continua a ser a Volta a Portugal. Todo o resto serve de preparação. É muito difícil, para não dizer impossível, estarmos em excelentes condições físicas nestas provas de fim-de-semana que antecedem a grandíssima e ao mesmo tempo colocarmos carga durante a semana com vista a prepararmos o corpo e a mente para os 11 dias que compõem a Volta a Portugal.

Neste momento para mim o mais importante é que, de competição em competição as minhas sensações estão a melhorar e eu sinto-me mais integrado nas movimentações do pelotão e da minha equipa. Não é fácil recuperar 10 anos de inatividade! A minha vontade é de treinar forte todos os dias, para tentar recuperar este tempo de atraso. Mas o corpo humano não funciona assim, e cada um tem os seus próprios limites. Tenho que escutar o meu corpo, e descansar quando ele me pede para descansar, senão corro o risco de deitar tudo a perder a tão pouco tempo de realizar este desafio.

Depois de uma semana de carga, tenho agora 3 dias de recuperação ativa (treinos suaves de 2 horas). Depois recomeço um novo ciclo de carga – será o último - que vai coincidir com o Troféu Joaquim Agostinho (10 a 13 Julho) e logo de seguida irei fazer mais um estágio na Serra da Estrela.

Quanto ao joelho que me atormentou durante uma boa parte da minha preparação, felizmente pouco já se faz sentir, excepto nos dias que apanho chuva ou frio a treinar.

Em relação ao meu peso, coloquei como objectivo entrar na Volta a Portugal com 66,5kg, neste momento estou com 67,5kg. Mas será possível perder ainda 1kg até ao dia 30 de Julho? Sinceramente, não vai ser nada fácil, sobretudo porque já só tenho 4,5% de massa gorda.
Este tem sido para mim a área mais difícil de suportar. Não são os treinos duros, não é a chuva ou o frio, não é o stress em competição, não são os muitos dias fora de casa, mas sim a dieta. Para quem gosta de comer, e beber, não é nada fácil esquecermos alguns dos alimentos que mais gostamos, muitos deles nada saudáveis diga-se, e reduzir a quantidade de outros.

Agora me lembro porque razão comi duas caixas de pastéis de Belém de uma enfiada, logo após terminar a Volta a Portugal que venci :)